O Rebrand do Luninha

No ano passado (2023), apresentamos o redesign do nosso logotipo. Era o prelúdio de uma mudança. Achei que a empresa já estava pronta e madura para uma nova imagem. Mas não estava. Era só a primeira fase de um clico de renovações. Vivenciar uma mudança estrutural e estratégica me fez sentir o poder do rebrand.

Um trabalho de comunicação exige conhecermos a fundo nosso negócio e nossa proposta de valor, porque elas precisam estar literalmente escritas e desenhadas. Foi neste momento que um personagem me ajudou a me reencontrar e foi assim que o Luninha voltou.

Quem é o Luninha?

O Luninha surgiu como um personagem para compartilhar algumas ideias, questionamentos e pontos de vista sobre design, criatividade e nossa sociedade. O objetivo era também ter um motivo para eu desenhar com mais frequência. Eu quase não desenhava mais e sentia falta desse momento criativo e artístico.

Criei uma conta no Instagram para o Luninha e logo sua popularidade foi crescendo. O que parecia ser um bom sinal, tornou-se um problema. Agora, eu tinha que postar tirinhas quase que diariamente. Virou um trabalho, uma obrigação. Eu não sentia segurança em investir tanto tempo ali. Afinal, não havia um motivo para ele existir. Esta é a diferença entre um personagem e um desenho: a sua existência.

O Luninha estava tão perdido quanto seu criador. Eu não tinha percebido que o Luninha expressava minha paixão por personagens e pelo encantamento ao dar vida a um desenho. Aos poucos me distanciei da minha versão cartoon e quase deixei minha memória apagá-lo.

Tirinha publicada no Instagram - 2019

Desenhando personagens

Por muitos anos trabalhei como ilustrador. Foi assim que iniciei minha jornada criativa. Criei ilustrações e personagens para logos, embalagens, campanhas, exposições, revistas etc. Era divertido, mas eu os via apenas como desenhos. Não eram personagens como os da Disney ou da Pixar, aqueles que as pessoas falam como se fossem entidades que existissem de verdade. Claro, eu sei que é a Disney, mas resguardando as proporções, eu queria que meus desenhos durassem mais do que um scroll dos feeds sociais. Foi aí que entendi onde eu estava errando. Eu não estava dando vida aos meus desenhos ou para a minha empresa. Eu estava entregando esta responsabilidade apenas para o leitor ou potencial cliente.

Trabalhei muitos anos como designer e desenvolvi dezenas de identidades visuais. Estudei Branding, que logo se tornou uma segunda paixão. Da mesma forma que gosto de dar forma aos personagens, também aprendi a traduzir visualmente a essência de uma empresa. Cores, tipografia, tom de voz, grafismos; um mundo de possibilidades para que um negócio seja visualmente representado. Mas até ali, ainda eram dois mundos separados.

Juntando essas duas paixões, encontrei os mascotes: personagens de marcas que devem representar e falar por uma empresa. Eu sabia que, agora, eu tinha um propósito claro, apesar de 20 anos de experiência na área, parece algo novo.

Em casa de ferreiro, espeto de aço

Se você acredita em algo, você exerce aquilo genuinamente. Não iria reposicionar a Lunar para criação de Mascotes, sem ela mesma ter a sua. Foi aí que o Luninha voltou.

Eu precisava de um avatar que comunicasse criatividade, design e desse um toque de magia. O personagem em nossa comunicação traz um elemento de calor e personalidade, tornando nossa marca mais acessível e memorável. Eu não queria ser um estúdio criativo com uma marca minimalista apenas. Sentia que algo estava faltando, algo que pudesse me diferenciar. Afinal, cada mente criativa expressa algo diferente. Eu tinha o elemento certo para completar o rebrand da empresa: o Luninha. Ele estava vivo novamente, mas precisava e merecia um redesign.

O Luninha ganhou traços vetoriais, para ter uma associação maior com o design gráfico. Assim, também ganhamos agilidade nas aplicações. Escolher o estilo gráfico não foi apenas uma questão de estilo. Precisei atender às necessidades de produção e recursos disponíveis. Foi uma decisão estratégica. Defini arquétipos, seu papel, seus valores, abrindo um novo mundo virtual para que ele pudesse existir e crescer.

Este processo não foi apenas sobre mudar nossa aparência. Foi uma jornada de autodescoberta e reafirmação dos nossos valores. E isso sim é Branding. Em nossa casa de "ferreiro", nossos "espetos" são feitos de arte, criatividade e design! Com o Luninha estamos prontos para nos conectar com nosso público de maneira mais significativa, memorável e divertida.

Por Renan Luna